Pular para o conteúdo principal

O hacker e seu ecossistema

Para Rangel Rodrigues, advisor em Segurança da Informação, o CISO não tem muita opção: ou se adapta e aprende sobre as novas demandas e tecnologias como cloud, ou o destino dele poderá ser um trabalho informal.

Uma pesquisa realizada pela Intelligent CISO ressaltou que 60% dos profissionais de segurança gastam três horas por dia validando falsos positivos. Nitidamente, podemos perceber que todo o profissional que decide ingressar na era da transformação digital é mandatório entender o ecossistema de ameaças e acima de tudo o modus operandi de como todo o cenário de cibersegurança vem mudando o conceito das empresas e se tornando em um assunto de importância na pauta dos executivos.

Não há mais desculpas para falta de tempo, ou você se adapta e aprende sobre as novas demandas e tecnologias como cloud, ou seu destino poderá ser um trabalho informal.

Trabalhar com cibersergurança exige muito mais do que imaginamos, um senso de urgência e governo e uma forma de decifrarmos traduzindo para um exemplo real. É como quando nos tornamos pais, nossa prioridade muda completamente depois que vem a primeira filha, o senso de urgência é visível para todos que estão ao redor e a habilidade de governar sobre uma família é explícito para a sociedade.

Em outras palavras, todo os pais nascem para governar a sua casa, que significa trabalhar no preventivo, aprender, ensinar e liderar a vida dos filhos de tal forma que um dia eles cresçam e sejam melhores do que eles. Embora, este seja o conceito da família, infelizmente é algo que tem sido negligenciado por muitos pais, pois nossos filhos têm crescido sem o senso de resiliência, basta uma pequena tempestade que já desistam e não concluam seus objetivos, e então vem a frustação e consequentemente o impacto emocional.

Na cibersegurança não é diferente, pois não adianta temos um foco e desejarmos ser um excelente profissional se não aproveitarmos as oportunidades que aparecem e aquilo que aprendemos sejam colocados em prática. Aprender e saber lidar com a cibersegurança exige esforço, senso preventivo, tempo, humildade e muito trabalho, pois você não vira um hacker da noite para o dia.

Os professores são instrumentos para compartilhar o conhecimento e a experiência em campo nos torna um profissional competente, e se casarmos ambas as naturezas o resultado com o tempo irá aparecer. Sempre tive em mente que preciso autoavaliar o momento que estou vivendo. Mesmo já ter tido várias realizações em minha carreira em cibersegurança, jamais deixei de abrir minha mente para o novo e sempre soube que terei que me esforçar para alcançar uma nova etapa.

Ao longo destes quase 20 de carreira atuando com segurança da informação escalei picos altos e baixos e chega uma hora que precisamos entender o momento e a hora certa para enfrentar o novo. Estou preste a iniciar um novo ciclo profissional, ainda em cibersegurança, mas desta vez em outro lugar. Por hora, mesmo sabendo que a disposição para aprender o novo é uma premissa, vou ter quer continuar considerando forever, o medo do futuro é sempre incerto, mas a carreira de um hacker é sempre feita em ciclos.

Ser um hacker é uma habilidade que vem na alma, você nasce com ela e faz transparecer para a comunidade que vive, e o sucesso é consequência dos frutos que plantou. Portanto, se você dedicou profundamente neste campo, uma hora o resultado e reconhecimento aparecem. Em um artigo que escrevi CSO: Experiência define a melhor estratégia, menciono um aprendizado que assimilei de um grande líder que levo em minha carreira; “A geografia tem um papel importante em toda a história de sucesso, a região onde você está determina aqueles que o veem e esses determinam o favor que você recebe. Em outras palavras o local em que você está tem grande influência no seu sucesso ou no seu fracasso e ninguém recebe um favor a menos que seja visto.

Desse modo, temos que aferir que precisamos ir onde somos celebrados, ao invés de ir onde somos tolerados e, discernindo este contexto. Procure saber onde o seu oráculo quer que você esteja a toda hora. Quando você está com as pessoas certas, o seu melhor aparece e o seu pior morre, resultando que o seu sucesso está sempre ligado definitivamente a um lugar. Melhor dizendo, alguém, em algum lugar, em algum tempo, irá “celebrá-lo”.

Todavia, gostaria de compartilhar alguns pensamentos aprendidos no qual todos nós profissionais de cibersegurança deveria considerar:

– A capacidade de remover da rotina a procrastinação e o orgulho profissional que todos correm risco com a chegada da fama e o reconhecimento e mérito;

– Ter a mente de um hacker é primordial para enfrentar o ecossistema da tecnologia, além das habilidades de um líder, sendo crítico e resiliente;

– Estar disposto a aprender o novo: Cloud Security, Mitre Att&ck, AI, LGPD, GDPR, Machine Learnng, Agile, DecSecOps, CARTA, Bug Bounty, NIST Cybersecurity, Kubernetes, Oquestração em Segurança, IoT, etc.

– Estar aberto para receber críticas e disposto sempre que necessário em fazer uma autoavaliação. Ingresse em uma pós de cibersegurança; escolas como FIAP e FIA tem cursos excelentes neste campo.

– Aliás, dedique e gaste tempo, horas e horas aprendendo sobre cibersegurança e identifique o momento da sua carreira. Todo hacker sofre um momento de mudança, alguns desejam continuar na esfera técnica e outros decidem alavancar para a gestão em cibersegurança, mas fato que alma técnica nunca perderá.

– Aprenda com as experiências em situações críticas, pois a resiliência só será absorvida quando enfrentar uma situação de crise, seja um ataque de ransomware, um vazamento de dados, defacement, etc.

– Em uma pesquisa realizada pela HelpNetSecurity.com relatou que 38% das organizações ainda não tem um CISO, ou seja, procure aproveitar as oportunidades em cibersegurança, a tendência de acordo com as pesquisas realizadas por estas empresas e pela ISC2.org, que haverá um gap (shortage) de profissionais em cibersegurança nos próximos 5 anos. Desta maneira, esteja preparado para o novo… Voe como uma águia, se aparecer uma oportunidade internacional agarre e go ahead!

O máximo que pode acontecer é você voltar para seu país de origem ou daqui a 10 anos poderá olhar para atrás e se arrepender por não ter experimento. Obviamente que a vida de sucesso de um profissional em cibersegurança requer acima de tudo a capacidade de assumir riscos, quanto mais disposto estiver para encarar o risco, maior será seu alcance e isto é uma premissa. Em outras palavras, ou você assume o risco e vive altos saltos ou permanece no risco aceitável ou em uma zona confortável.

Este artigo foi publicado no portal Security Report.


* Rangel Rodrigues é advisor em Segurança da Informação, CISSP e pós-graduado em Redes de Internet e Segurança da Informação pela FIAP e IBTA, MBA em Gestão de TI pela FIA-USP e professor de cibersegurança na FIA.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Criando resiliência na gestão de vulnerabilidades

Entre explorações tradicionais de brechas e novas falhas geradas pelas dificuldades em aplicar patches de atualização constantemente, a gestão de vulnerabilidade continua sendo um dos grandes desafios para as Lideranças de Segurança Cibernética protegerem ambientes em cloud e on premise. Nesse artigo, os Cibersecurity Advisors, Rangel Rodrigues e Marcilio Rodrigues, apontam estratégias e boas práticas necessárias para blindar os ambientes digitais das empresas e garantir a continuidade dos negócios Por Rangel Rodrigues e Marcilio Rodrigues* Nestes quase 2 anos atuando como BISO, tive uma experiência um pouco diferente das anteriores. Meu papel era estabelecer uma conexão com os executivos de negócios e interconectar as áreas de tecnologia e cibersegurança, mas o que eu não percebi foi que a abordagem muda dependendo da cultura da organização. Sendo um profissional com uma raiz pura em tecnologia, já trabalhei em diversas frentes de TI e cibersegurança, mais precisamente nos últimos ano...

Seis princípios para fortalecer sua estratégia de Cibersegurança

O Security Advisor, Rangel Rodrigues, destaca em seu artigo o papel fundamental na estrutura de CISO, os desafios de mercado para 2025 e como a história de Neemias pode servir de inspiração para os líderes de Cibersegurança ganharem mais resiliência cibernética Em linhas gerais, a posição de um líder em Cibersegurança não tem sido fácil, mas diria o mesmo para qualquer profissional que trabalhe na estrutura de CISO em uma organização. Na história da Segurança da Informação, Steve Katz foi o primeiro CISO, no Citigroup, em meados de 1994, depois que o grupo sofreu um ataque cibernético de um hacker russo chamado Vladimir Levin. O banco criou a primeira posição de executivo de segurança cibernética do mundo e, a partir disso, a estrutura do CISO tem se expandido, sendo até comparada com a função de um piloto, devido às regras no espaço aéreo e alta complexidade de atuação. Tenho ouvido de alguns profissionais no Brasil e nos EUA que ainda não são muito valorizados, apesar de o cenário t...

O inimigo pode estar onde menos esperamos

Quais lições podem ser aprendidas com o apagão cibernético? Assim como no ataque às Torres Gêmeas, esse incidente também incentivará mais mudanças nos processos de Continuidade e Recuperação de incidentes, especialmente num ambiente cibernético hiperconectado, em que uma pequena falha pode causar uma crise de proporções inesperadas. O advisor e arquiteto em Segurança da Informação, Rangel Rodrigues, aponta questionamentos visando incrementar as estratégias futuras *Por Rangel Rodrigues O recente incidente com o Falcon (EDR) da CrowdStrike, usado por muitas organizações ao redor do globo, ocorreu após liberação de uma correção com defeito, que corrompeu um arquivo nos sistemas operacionais Microsoft Windows, resultando na famosa tela azul (blue screen of death). Consequentemente se gerou uma paralisação ou apagão cibernético, impactando globalmente os serviços de hospitais, sistemas financeiros, atendimentos e aeroportos. As consequências da crise levaram até a Comissão do Senado norte-...